quarta-feira, 25 de março de 2015

Desafio


Quem me sabe identificar a localização deste edifício?




Nota: O desafio anterior já está desvendado aqui (clicar), peço desculpa pelo atraso.

segunda-feira, 9 de março de 2015

CONVERSAS PROPORCIONADAS [2]

O Paiva Couceiro deu para mais conversas enquanto se enchiam as alheiras.

Para as percebermos convém esclarecer melhor quem era a pessoa. Couceiro perfilhava ideais ultramontanos de monarquia e catolicismo, razão pela qual não dissociava o poder político do ideário religioso, ou seja, para ele, monarquia e religião sustentavam-se mutuamente: ambas estiveram na origem da Pátria; a Pátria tudo lhes deve e só poderá perdurar se essa união se mantiver. Dito de outro modo, Paiva Couceiro foi um precursor do integralismo lusitano que nas suas teses sustenta um modelo de monarquia absoluta - à D. João V - e uma prática religiosa baseada nas decisões severas e punitivas do Concílio de Trento (lembremos que, entre outras decisões, proíbe a tradução da Bíblia para as línguas nacionais). 

Quem ama a sua Pátria e perfilha aqueles ideais não pode aquietar-se perante a queda da monarquia e perante uma república que ataca a religião. Lembremos que, entre outras pérolas, a I República extinguiu as ordens religiosas, nacionalizou os bens da Igreja e proibiu as manifestações públicas de fé - por exemplo, as procissões! Que fez Paiva Couceiro? Tentou, até à exaustão, voltar a implantar a monarquia, provocando guerras civis e contribuindo para o clima de anarquia vivido durante aqueles anos de 1910 a 1926.

Os republicanos, além de o derrotarem, vingavam-se pela paródia. A Ester ensinou-me a cantiga:

                                          Ó Paiva Couceiro
                                          És um malandrão
                                          Acabaste com o dinheiro
                                          A toda a Nação!

                                          Ó Paiva Couceiro
                                          Tu não vales nada
                                          Acabaste com o dinheiro
                                          A toda a padralhada!

É de ir às lágrimas, não é? Reparem como a Ester se diverte a cantá-la... Desconheço a origem da cançoneta, mas sabê-la cantada em Rebordaínhos faz-nos pensar que as nossas gentes serão menos conservadoras do que à primeira vista possa parecer.

Uma boa semana para todos
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Na fotografia, da esquerda para a direita: Ester, Julinha (da sr.ª Julieta e do sr. Eurico); Zeza (da tia Ofélia e do tio Amadeu "Couceiro") - ambas genras da Ester - e Cristina (da sr.ª Tersesa e do sr. João "Santa Combinha")

quarta-feira, 4 de março de 2015

CONVERSAS PROPORCIONADAS [1]

Aqui há uns tempos fizemos o levantamento das nossas nomeadas. Estava bem longe de imaginar que este Natal iria desvendar o porquê de uma delas: a do tio COUCEIRO, em relato feito pela voz da própria filha, a Zeza.

Parece que o tio Amadeu,  sendo garoto, não se cansava de gritar a seguinte rima, não sei se da sua lavra, se ouvida a alguém:
                                                    Paiva Couceiro
                                                    Jogador de bola
                                                    Foi jogar com os do Porto
                                                    E perdeu a camisola!

Esta quadra é hilariante e explica-se com facilidade, a não ser a parte do jogador de bola, mas isso importará pouco.
Paiva Couceiro era um monárquico e quase se pode dizer que foi o único militar de alta patente que, durante os combates pela implantação da República, em 1910, saiu em defesa da causa real. Uma vez assumida a derrota, exila-se em Espanha, de onde procederá a incursões no Norte de Portugal para tentar restaurar a monarquia - façanha que vai conseguir alcançar na cidade do Porto (de 19 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 1919). Este  episódio, que a História regista como "Monarquia do Norte", era apodado pelos republicanos como "Reino da Traulitânia".

Está-se mesmo a ver: Paiva Couceiro foi-se meter com os do Porto e perdeu a camisola... monárquica! 
O futebol está aqui bem metido, passo o trocadilho: o início do século XX corresponde ao tempo de difusão dos desportos colectivos (e da prática do desporto, de um modo geral). A alusão à perda da camisola será ferroada ao facto de, naquela altura, o FCP nada ganhar? Aqui à benfiquista parece-lhe que sim. 

Onde é que o tio Couceiro terá desencantado as rimas? Para a posteridade, aqui fica ele ao lado de quem lhe deu a nomeada.