domingo, 10 de janeiro de 2016

LENGALENGA



Tiroliro-liro
Meu pai matou um grilo
P’rà festa do Rodrigo
Todo o bicho convidou
Só a mosca deixou
E o piolho com a risa
Esfourou-se na camisa
Assubiu-se a ũa janela
A tocar na caravela
Caiu de lá abaixo
E partiu ũa costela


Esta foi-me contada pela tia Delfina, que se ria a bom rir enquanto imaginava a costela partida do piolho: "ora vede lá, a costela de um piolho, que taluda seria!"

Bem-haja tia Delfina!
_____
A imagem é de uma série de desenhos animados, intitulada "The Animals of Farthing Wood"

e foi retirada daqui.

15 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Muito interessante.
Gosto dessas lenga-lengas de outros tempos.
Amiga Fátima, sabe que realizei um sonho antigo? É verdade, publiquei um livro.
Graças à generosidade de um amigo.
Um abraço e bom Domingo

Anónimo disse...

Quem partiu a costela foi o piolho. Eu vejo nesta lengalenga um grito de revolta de um povo que, impedido de ir à escola pela ditadura fascista de Salazar e Caetano, dava largas à sua imaginação com histórias hilariantes que, sub-repticiamente, denunciavam a pobreza e a fome que grassavam nos campos e nas cidades.
Felizmente, atualmente, o nosso governo segue as orientações da grande timoneira, a doutora Catarina Martins que decretou que a fome é proibida em Portugal. O pão e as batatas são perfeitamente dispensáveis! A Constituição garante-nos a todos, especialmente aos trabalhadores braçais, a felicidade plena na Terra!
Viva a Constituição da República Portuguesa!

Anónimo disse...

Viva a Constituição da República Portuguesa!

Que veio o Carmona e deu-lhe uma tapona!
Veio o Craveiro deu-lhe um biqueiro!
Depois o Tomás encavou-a por trás!

Anónimo disse...

Uma lengalenga, como esta, fosse ela publicada em mandarim, ou em inglês, a língua franca mundial, e desde que a sua autoria fosse atribuída, por exemplo, a uma islandesa de pele branca, cabelos loiros e olhos azuis aguados, habitante de uma aldeia, acima do paralelo 60º, no sopé de um vulcão ativo coberto de neve, teria tanto valor como têm todas as veneráveis tradições nórdicas.
Assim, como é da lavra de um povo católico, com a agravante de ser dita em português, que é uma espécie de espanhol de segunda apanha, vai direitinha, junto com a “literatura” do grande Saramago, que, apesar de se exprimir em português, pelo menos era pouco católico, para o rol das excentricidades etnográficas produzidas por povos em vias de desenvolvimento.
A minha luta é bater no teclado do computador, até que me doa o dedo, para demonstrar aos copinhos de leite do centro e norte da Europa que a imagem que eles fazem da república portuguesa está mais distorcida do que um relógio derretido num quadro de Dali.
A todos aqueles que queiram e possam ajudar-me a levar para a frente esta luta contra as imagens tremidas e desfocadas que os germânicos e nórdicos têm nas cabeças, começo por lançar um desafio muito simples:
- Construir o MUSEU DA EPOPEIA DO POVO LUSITANO DEPOIS DO 25 DE ABRIL, na aldeia de Rebordainhos, no concelho de Bragança.
O edifício terá dimensões faraónicas, para que eles vão chamar baixinhos a outros, e em forma de pombal típico da região.
Logo à entrada, num imenso saguão, os turistas vão ser surpreendidos por uma reprodução em cera, fiel ao modelo, mas em grande, com mais de 10 metros de altura, de José Manuel Durão Barroso, o príncipe perfeito. Nenhum estrangeiro poderá dizer que desconhece esta grande figura de estadista. Depois de, em menos de dois anos, ter arrumado, democratizado, desenvolvido e enriquecido o seu querido Portugal, tendo-o deixado mais brilhante do que um brinquinho, ousou aplicar os seus talentos na governação da grande casa europeia, onde se registaram, durante o seu longo consulado, progressos económicos e civilizacionais nunca antes vistos no Velho Continente. Felizes as pátrias que viram nascer tal filho.

(Nota: Como escrever estas lengas-lengas custa mais do que parece, peço uma apreciação dos meus apoiantes seguros, e dos meus detratores eventuais, quanto à viabilidade de prosseguir neste projeto que, ao ser publicado, já não é só meu, mas é também de toda a gente que vier por bem)

Fátima Pereira Stocker disse...

Elvira

Fico muito feliz por si.

Um grande beijo.

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo 1

Tem muita razão, foi o piolho. Obrigada, já corrigi.

A datação destas lengalengas é sempre difícil. A certeza é que, quase todas elas, têm séculos, pelo que, ver aí referências ao Estado Novo me parece muito difícil.

As lengalengas cumprem uma função muito importante: desenvolvem a linguagem ao mesmo tempo que divertem pelo disparate. Além disso, a forma como estão construídas acaba por desenvolver na criança a noção de ritmo tão característico da poesia popular.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo 2

Obrigada por me lembrar! Essas rimas são, ostensivamente, de cariz oposicionista. Não sei quem terá sido o autor, mas lembro-me de as dizer também.

Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Anónimo 3

Pensei que "isso" já lhe tivesse passado...

Cumprimentos

Elvira Carvalho disse...

É claro que uma leitora atenta, como a minha amiga reconhecia a história. Foi publicada em 2011 com o titulo de Isabel, embora fosse bem mais pequena. Como praticamente não tenho leitores dessa época, peguei na história, desenvolvia-a, acrescentei-lhe algumas novas peripécias, e o que eram 20 capítulos transformaram-se em 43. Mas o resumo é o de Isabel.
Um abraço e obrigada pela gentileza.

Anónimo disse...


A língua portuguesa, ao contrário dos seus falantes - que são, na sua maioria, uns pelintras que passam o verão a cantar o fado e depois, no inverno, compram fiado no hipermercado -, é riquíssima! Eu, ignorante me assumo, estava longe de pensar que "esfourar-se", quer dizer, em português vernáculo, "cagar-se todo".
É por este e outros serviços prestados à cultura portuguesa que este blog é diferente dos demais, para melhor!

Cumprimentos a todo o pessoal participante, desde o técnico de computador que vela pelas boas transmissões no servidor, até aos humildes senhoras e senhores limpadores dos monitores dos computadores.

Simplesmente Anónimo
(frequento uma escola EB 123),

Fátima Pereira Stocker disse...

"Simplesmente anónimo" que frequenta uma escola cento e vinte e três

Não me consigo decidir por qual destas duas, por isso pergunto: quis ser mordaz ou foi um lérias? (Pode consultar o mesmo dicionário, se os regionalismos lhe não são familiares.)

Cumprimentos

Anónimo disse...

O meu último comentário, a partir do momento em que é lido, não pode deixar de provocar reações naqueles que o leem. A motivação para o escrever foi apenas partilhar com as pessoas do blog a minha admiração de ter descoberto num dicionário que esfourar quer dizer cagar. Tive de recorrer ao dicionário porque, não sendo transmontano, ignorava o significado da palavra. Quanto à parte dos cumprimentos, que não vejo como podem melindrar alguém, estava apenas a imitar aqueles apresentadores de televisão que nos agradecimentos, no fim dos programas em que obtiveram êxito, incluem toda a gente desde a maquilhadora até às senhoras que limpam o estúdio. Eu gosto sinceramente do blog.
Mesmo depois destas explicações todas, peço desculpa a quem se tenha sentido ofendido com o meu comentário.
Convém não esquecer que esta troca de razões tem origem num piolho que se borrou todo!

Simplesmente Anónimo

P.S.: Já não me recordo bem, mas acho que também cheguei a frequentar um Liceu Nacional, à francesa, antes de os comunistas tomarem o poder.


Cumprimentos

Fátima Pereira Stocker disse...

Simplesmente anónimo

Lamento, mas não tinha, de todo, compreendido as suas reais intenções. Agora já está tudo esclarecido e retiro aquilo que escrevi atrás. Sinta-se bem-vindo.

Cumprimentos

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Fátima Pereira Stocker disse...

Informo que eliminei o comentário anterior porque o seu anónimo autor:

1 - Persiste em fazer tábua rasa do pedido que pede respeito pelo teor do artigo comentado;

2 - Fazia nele campanha eleitoral apelando ao voto em certo(s) candidato(s);

3 - Denegria a imagem de um dos candidatos. ESTE BLOG NÃO SE PRESTA A TAL!

Se a intenção era irritar-me, devo dizer que conseguiu!